BARCELONA, ÉMILE DURKHEIM E A DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO

Futebol? Eu odeio futebol, não conheço nada. Mas se você não odeia Sociologia, vai entender essa ideia.

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O sociólogo francês Émile Durkheim forneceu à Sociologia uma autonomia como ciência. Graças à este senhor implementou-se tal ciência social em uma universidade (Bordeaux, França). Em 1893, fez sua tese de doutorado: “A Divisão do Trabalho Social”. Neste estudo, expõe o que ele identifica como evolução social na modernidade. Alguns sociólogos identificam tal teoria com o Positivismo de Auguste Comte.

Ok, mas como relacionar o Barcelona com uma tese de doutorado do século XIX?

Desde a década de 1970, liderado pelo jogador holandês Johan Cruyff, o Barcelona destaca-se pela evolução do futebol. Não cabe aqui detalhar essa evolução, mas dizer que há uma TRADIÇÃO em sua forma de jogar. Na Divisão do Trabalho Social, Durkheim denomina de SOLIDARIEDADE MECÂNICA toda forma de trabalho tradicional em sociedades menores.

Aí você questiona: mas o Barcelona é um time pequeno? Não, mas é o único clube de futebol no mundo que joga da mesma maneira há décadas. Assim como toda sociedade menor, insiste na tradição de seu trabalho.

A sociedade para Durkheim, ordena-se com uma DIVISÃO DE FUNÇÕES para cada indivíduo (por isso sua teoria recebe o nome de Funcionalista). Há uma CONSCIÊNCIA COLETIVA que está sempre acima do poder de escolha individual, ou seja, cada indivíduo recebe influência de seu meio. Se relacionarmos isso com o Barcelona, há muitos jogadores que não jogaram sempre no clube (Neymar, por exemplo), porém, essa “sociedade” funciona de tal maneira, que o indivíduo deve adaptar-se às formas de trabalho.

A DIVISÃO DE FUNÇÕES no Barcelona é extremamente evidente quando se detalha a ESPECIALIZAÇÃO dos indivíduos. O jogador argentino Javier Mascherano NUNCA fez um gol pelo time. Isso é ruim? Não no Barcelona, pois a função deste jogador é apenas uma: defender. Mascherano é o jogador bruto do time, seu dever é fazer o trabalho “grosso”, “sujo”. Assim como na sociedade estudada por Durkheim, há sempre aquele que faz o trabalho “bruto”.

Há também aqueles que administram, gerenciam essa sociedade, como o meio de campo (Iniesta, Busquets e Rakitic). Esses indivíduos tem o papel de fazer a ligação entre o trabalho bruto e o trabalho leve (O dono de uma empresa). Quem é o “dono da empresa” no Barcelona?

Essa resposta é mais fácil, até para os que não conhecem futebol: Messi, Suárez e Neymar. No último domingo (22/05), o Barcelona registrou na história do futebol o trio de ataque mais mortal de todos os tempos, com 253 gols em apenas duas temporadas. Nenhum outro time alcançou tal marca. Os três basicamente fazem a função do “patrão” na sociedade, são os que menos correm na equipe. Messi tem o maior salário, é o “dono do time”.

Na ótica de Durkheim, a sociedade funciona como o Barcelona: alguns fazem o trabalho“sujo”, outros “administram” e, poucos são “donos do time”.